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  • Indira Petit

Evangelho


Nos difundidos evangelhos sobre Jesus, são poucas as menções às mulheres que O acompanhavam, apesar de, já naquele tempo, sermos maioria. Foram construídas igrejas e religiões lideradas por homens, escritas por homens, direcionadas aos homens e relegaram às mulheres do evangelho apenas dois papéis: santas ou pecadoras.


Enquanto isso, naquele tempo, eram nossas vozes que soavam em perguntas ao Mestre, eram nossas mãos que cuidavam dos enfermos, que preparavam pão para os que tinham fome, que serviam aos que tinha sede e vestiam os que estavam nus, conforme o próprio Jesus nos ensinou. Era entre nós que ressoava o Seu riso forte e claro, era conosco que suas mãos marcavam o ritmo enquanto dançávamos, éramos nós que víamos Jesus como um homem e era Ele que tinha coragem de olhar-nos como mais do que a sociedade impunha às mulheres da época.

Secamos Seu rosto, vestimos Seu corpo, alimentamos o Homem de Nazaré. Éramos e somos até hoje discípulas de Jesus. Vivemos o seu evangelho na prática e não em palavras escritas posteriormente por aqueles que sequer viram o brilho dos olhos do Raboni. Em verdade, fomos todas o evangelho vivo primitivo de Jesus.


Compartilhamos ensinos enquanto cozinhávamos ou lavávamos as roupas, passamos Suas palavras aos nossos filhos, que contaram aos seus amigos e propagamos a luz da vida de Jesus. No entanto, quando o que falávamos foi registrado em papel, fomos relegadas ao silêncio.


Indira Petit,

Rio de Janeiro, RJ 30/01/2020

 
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